quarta-feira, 02 de outubro de 2024


Por Átila Frazão.

Em 524 anos após a invasão portuguesa, quando nos afirmamos como “contemporâneos à história”, chega-nos à pele dissabores existenciais, epistêmicos, cosmológicos, identitários, culturais, religiosos, e anti-constitucionais, para não falar de absurdos que rasgam as peles dos povos que constituem o Brasil pluri universal que somos. Inúmeros são os ataques baseados numa estrutura categorial onde há a ideia de um “ser/saber superior”, baseada no eurocentrismo e na “política oligárquica de ‘pseudo ricos’ pesqueirenses”, e que os Povos Originários deste país intitulado Brasil (e que é como nós pertencentes, assumindo a soberania, a especificidade e a essência de Ser Brasileiros), não têm competência de gestar, e não apenas de gerir, um governo público municipal. 

Uma repetição genocida, não só de corpos, mas de mentes. Como formador de opiniões, disponho da Coletividade como pressuposto indispensável ao bem-estar coletivo, que em linhas gerais denominamos de Bem-Viver, onde não há supremacia de poder, tampouco aliciamento ou supressão, uma vez que aprendemos e pomos em prática que “Acima do Medo, Coragem!” (Xikão Xukuru). À luz da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB 1988), que rege este país, a governança indígena é coletiva-democrática-participativa e consultiva, onde não há supremacia de poder. O que existe é uma governança coletiva onde o Cacique Marcos assume a Missão de liderar à luz da premissa filosófica-ancestral de “Avançar” alicerçada na Ancestralidade, respeitando os pressupostos metafísicos, e que funciona no cotidiano do povo por meio da Organização Sociopolítica Xukuru do Ororubá, da qual também pertenço. 

Todo julgamento pressupõe uma convivência, senão caímos no “senso comum”, o que na Política não deve ser considerado ao extremo, principalmente na “Política Partidária”. Conviver deve ser a palavra-chave, onde conhecer de perto torna-se sinônimo. Pergunte-se: quem já se viu um indígena (aqui Marquinhos representando o nosso povo), após os genocídios físico e cultural e com a teoria de “novo mundo” (onde fazendeiros, posseiros e oligarcas de Pesqueira insistem em validações “tradicionais” e em heranças coloniais) assumir o Poder Executivo, principalmente quando se trata do povo Xukuru do Ororubá? Marcos por agir em coletividade e em ação-prática é tido como “perseguidor e ditador”? Não! Pelo fato de agir em coletividade e em ação-prática para conosco, desagrada aqueles “pseudo ricos pesqueirenses” que não se contentam em deixar de mamar nos “tetos mamários” do Palácio, e insistem mais uma vez em condenar e injustiçar os originários deste Território, por ganância de dominação como há anos fizeram. Avançar é uma questão de Justiça! 

TEXTO: Átila Frazão – Artigo de Opinião.

FOTO: Divulgação.